quarta-feira, 12 de junho de 2013

A chuva não é significado de tristeza

Estava chovendo e eu estava sentada dentro do carro, olhando a paisagem à noite. Meio cinza, meio branco, meio preto. Uma mistura de cores que envolvem as nuvens e a lua. As estrelas não aparecem hoje. Alguns dizem que Deus está chorando. Outros dizem que o dia está ruim. Bem se está, eu não sei. Mas para mim a chuva não significa tristeza nem nada do tipo. Há algo mais lindo que pessoas que estavam passando o período da seca brincando e dançando na chuva como se fossem crianças? Os vidros de janelas com as gotas escorrendo? A Lua, a sempre linda lua, mostrando seu lado obscuro? Aquele ventinho que a acompanha e traz uma vontade de ficarmos sentados olhando filme e tomando algo quente? Com todos esses motivos, ainda dizem os dramáticos que a chuva é algo detestável.

- Pai? - resmunguei.

- Oi? - ele respondeu.

- É muito sério?

- Depende. Se continuar assim... - Ele dirigia sério e sempre olhando atentamente a estrada.

- Ah... 

Quando chegamos em casa vi que tinha alguém sentado no degrau que se dirigia para a porta de entrada da minha casa. Pensei que fosse meu irmão que tivesse esquecido a chave, do jeito que é inútil.

Meu pai me ajudou a sair do carro, mesmo não sendo necessário. Nós dois andamos no mesmo enorme guarda-chuva. Quando cheguei perto eu reconheci quem era o garoto inútil sentado à frente da minha casa.

Estava com um guarda chuva pequeno e por isso estava encharcado. Era o Lucas. Ele saiu correndo e me abraçou. Pareceu-me bastante preocupado. Meu pai, sem expressão alguma o ignorou e me levou até dentro de casa. Depois fechou a porta com força e me deixou do outro lado, sozinha. Não consegui ouvir nada do que eles estavam falando mas me pareceu uma briga civilizada entre dois homens. Eu ainda estava parada ali na frente da porta quando meu pai entrou. Do outro lado, na rua, eu pude ver o Lucas indo embora de cabeça baixa.

- O que houve pai? - falei em um tom bem alto.

- Não fique exaltada. - ele falou calmo, o que me irritou. - Você não precisa saber.

Ele passou por mim, ainda sem expressão alguma. Segurei seu braço com força. Agora meus olhos já estavam lacrimejando, e meu tom de voz já começava a se parecer com um grito.

- Me fale o que houve!

- Ele te encontrou não foi? - agora eu conseguira deixá-lo irritado a ponto de ele explodir.

- Sim, foi ele quem me encontrou. E isso seria motivo para ficar agradecido com ele, não irritado.

- Ele não me avisou nada sobre você ter desmaiado. Só disse que te encontrou. Achei que ele tinha te visto andando na rua ou algo assim. A mãe dele  foi quem disse que você havia desmaiado. Você podia - ele parou de repente, como se estivesse pensando duas vezes antes de falar - você podia estar com algo mais sério. 

- E daí pai? O que você disse para ele? - eu já estava aos prantos.

- Eu disse que não permitirei que vocês se encontrem.

- Você é idiota ou algo assim? Você não pode criar regras estúpidas como essa. Aliás, eu realmente não gosto de você.

Saí sem olhar para seu rosto.

Um comentário:

  1. Com que direito o senhor acha que pode proibir os dois de se vê e seu merda (com todo respeito)

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