- Que escândalo você está fazendo. - Disse ele tão calmo. O
que me deixou extremamente irritada.
- Cala essa tua boca, você é um idiota! - Bati no seu peito
umas três vezes até me acalmar.
Ele me abraçou e ficou um tempo quieto olhando para o chão.
- Não é tão fácil assim...
- O que não é fácil? Ser meu amigo? - interrompi ainda
irritada.
- Calma. Deixe-me terminar - ele fez uma pausa. - Você
acha que, para um garoto, é fácil fazer aquilo e depois encarar de frente? Você
é minha melhor amiga, ou era. Eu estou envergonhado, eu me humilhei na sua
frente. Não sou digno da sua preocupação por mim ou algo assim.
- Deixa de ser tão tolo! - gritei. - Você é a pessoa mais
querida que eu conheço. A mais digna de respeito, não só meu, da humanidade
inteira. Você é estudioso, educado, confiável, fiel e todas as outras coisas
boas que existem no mundo. Aquilo foi um momento de fraqueza. E você é um ser
humano. Todo ser humano que preze ser um, erra.
- Eu te amo. - ele me abraçou tão forte e tão desesperado
que até me sufocou.
No mesmo momento tocou a campainha. Pela voz, supus que
fosse o meu pai. E era. Ele entrou no quarto e não disse uma
palavra. Apenas me pegou no colo e foi saindo da casa do Lucas. Na porta
disse:
- Agradeço aos cuidados. Mas você é inútil guri! Nem ao
menos me avisou que ela havia desmaiado. Preciso levá-la para o hospital agora.
- Eu vou junto. - ele pegou suas chaves, celular e sua
carteira como sempre.
- Não, você não vai.
Eu só consegui ver ele parado na porta me olhando. Muito
indignado.
Chegamos ao hospital.
Não consegui prestar muita atenção no que eles conversaram
pois ainda estava meio tonta. Levaram-me de cadeira de rodas até um quarto e
então soube que precisava fazer alguns exames, depois adormeci.
Quando acordei
estava no mesmo quarto. No meu lado havia um médico conversando com o meu
pai. Pelo o jeito parecia grave, já que o meu pai fez uma expressão de preocupado e assustado.
Eu os ouvi conversar:
- Ela tem anemia. É uma doença grave se não for tratada
imediatamente. Pelo visto sua alimentação está bem ruim. Vou lhes recomendar um
nutricionista para que ela ganhe uma dieta que deverá seguir rigorosamente. Senão, ela poderá ter grandes problemas posteriormente.
- Sim, doutor.
O médico saiu do quarto e finalmente meu pai notou que eu
estava acordada. Veio até mim e me recomendou:
- Por agora, descanse. À noite vamos para casa e eu te
explico tudo. Sentou do meu lado e ficou olhando para as mãos à procura de algo
que o fizesse se acalmar depois do susto.
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