Oi, eu estou aqui. Onde? Adivinhem.
Não é óbvio? Cheguei à casa do Lucas completamente
molhada. Bati na porta, mas é claro que a minha situação tinha que piorar. Não
havia ninguém em casa. Pensei em sentar onde houvesse telhado ali por perto e
esperar alguém aparecer, mas o meu pai com certeza ia aparecer por ali me
procurando. Então decidi dar minha caminhada do dia.
Meu pai acha que tem algum direto de proibir com que me
encontre com aquele que é meu amigo desde a minha infância. Ele está
completamente enganado. Eu só tenho à ele para recorrer em qualquer situação.
Até se eu estiver de TPM é ele que eu vou procurar porque na minha casa só
existem homens. Sim, eu sei que o Lucas é homem também, mas ele é um homem que
sabe como me acalmar em momentos de estresse e que também tem calma nesse tipo
de situação. Ele me ajudou com a minha primeira paixão. Fez de tudo para
que ficássemos juntos e quando não deu certo passou todos aqueles momentos
de angústia comigo. Ele estava lá quando minha mãe morreu. Eu lembro tão
bem disso que nem acredito que tinha três anos. O Lucas estava com cinco anos
na época. Eu não entendi tudo na hora, como já tinha propriamente dito, mas ver
meu irmão e meu pai chorando foi um motivo para ficar triste. E o Lucas sabia o
que aquilo significava - como ele sabia, eu não sei - e me deu um daqueles
abraços sinceros que só criança pode dar e animais podem transmitir. Eu me
senti tão confortável... Me senti junto da minha mãe. Desde aquele dia, Lucas é
como uma mãe pra mim. Brigar com Lucas é como ver as lágrimas no rosto de uma mãe
sabendo que você foi o causador delas.
Eu fui caminhando por entre as árvores quando possível. E de
repente vi Luc segurando um guarda-chuva. Eu não pude acreditar. Corri para
ele, ainda meio tonta, e literalmente me atirei nos seus ombros. Ele me abraçou, provavelmente para
que eu não caísse.
- Me desculpa. Me desculpa por tudo. Desculpa por ir para o
hospital porque não comi bem. Me desculpa por fazer você se sentir humilhado.
Desculpa pelo meu pai idiota. Me desculpa por fazer com que você ficasse
esperando na porta da minha casa com aquele mini guarda-chuva. E também me
desculpe por estar te abraçando toda encharcada e enchendo os seus ouvidos de
desculpas - gritei para ele, mesmo estando no meio da rua, para que até
meus pensamentos sem sentido ouvissem.
Lucas tirou meus cabelos dos olhos sem delicadeza
alguma.
- Te acalma mulher! Eu não te culpei de nada para que você
se obrigasse a pedir desculpa. Sobre o hospital, a culpa não é sua e sim da sua
vontade. E além do mais, eu deveria ter te levado ao hospital quando te
encontrei inconsciente. A culpa é minha, então você que me desculpe.
- Mas eu podia me esforçar e comer mais.
- Posso continuar?
- Por favor.
- Eu me senti humilhado sim, mas a culpa também não é sua
porque eu estava invulnerável e carente. O seu pai não é idiota, só quer o
melhor pra você. E eu te esperei na frente da sua casa porque estava preocupado
e não fui corajoso o suficiente para ir ao hospital e perguntar por você ou
enfrentar seu pai na hora que ele estava saindo da minha casa para te levar.
Então o problema é meu e somente meu. Por fim, eu realmente não me importo se
está me molhando ou algo de gênero. Pelo contrário, estou feliz que estejamos
nos dando bem.
Eu estava chorando, de emoção e de tristeza. Essa mistura de
sentimentos me irrita. Não há coisa mais chata que não ter certeza do que está
sentindo e pensando.
- Me desculpa? - disse ele.
- Te desculpo. - quis protestar, mas sabia que não levaria a
lugar algum.
Nossa parecia muito eu, ele falando e ela ente rompe ele, e ele fala "posso continuar" >.<
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