quinta-feira, 30 de maio de 2013

"VADIA" escrito de preto em uma casa especifica

Lucas levantou e pediu pra que eu levantasse também.

- Vamos zoar agora!

Pegou um skate emprestado de um guri que já estava caindo de bêbado e saiu andando pela rua. Corri atrás dele. 

- O que você pretende fazer? - falei ofegante já que estava correndo.

- Pare de querer saber do futuro. Viva mais o momento e faça mais coisas por impulso.

- Cala a boca guri. A vida pode ser muito bem vivida sem precisar se arriscar.

- Nós só sobrevivemos desse jeito.
Fiquei quieta. Eu precisava saber o que havia com ele. Chegamos à frente de uma casa amarela e antiga. Tinha outro grupo de garotos, mas esses eu não conhecia. Ele pediu uns sprays e pagou a eles. Eu imagino quanto dinheiro esse guri gasta com coisa inútil? Eu continuei quieta e ao lado dele. Ele continuou andando sempre de skate e eu correndo. Depois de uns 15 minutos chegamos à uma casa destruída. Completamente velha, não tinha como identificar a cor, não se sabia se era branca, marrom, amarela ou verde. Eu não entendia o porquê do Lucas querer pichar essa casa em específico. Ele escreveu com uma lata de spray preta "VADIA". Tudo em letra maiúscula. Olhei para o rosto dele e estava escorrendo muitas lágrimas. Ele tinha desabado. Abracei-o e fiquei do seu lado, sem dizer uma só palavra.

- A minha vida não podia ser tão perfeita. É claro, sempre tem algo pra estragar. - ele olhou fixo para porta daquela casa - Essa casa... Sabe Ísi... Sabe de quem é? É da amante do meu pai. Eu descobri quando estava passando por aqui outro dia. Ele estava saindo da casa com a mulher seminua na porta mandando tchau. Eu não podia acreditar no que estava vendo. Minha mãe não sabe de nada. Aliás, eles brigam tão pouco. Qual é o motivo do meu pai estar traindo-a com outra mulher? - ele estava falando rápido, estava tão nervoso, chorando tanto e morrendo aos poucos. - Eu não aguento mais Ísis, eu não sei o que fazer.

Abracei-o de novo. Não sabia o que dizer. Já estava chorando junto com ele. Como que aquilo tinha acontecido? Que ridículo aquele homem. Senti um ódio daquele cara que sempre tinha um sorriso simpático no rosto. Que falso! Eu não conseguia ver o meu melhor amigo desabando daquele jeito.

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