sexta-feira, 24 de maio de 2013

Aqueles que dizem ser o que realmente não são


Acordei com o despertador que já estava na terceira soneca. Os outros dois toques eu não tinha ouvido. Isso quer dizer que já eram 7 hs e eu estava bem atrasada. Acordei com um pulo e botei meu uniforme, qualquer blusão e o tênis. Escovei os dentes e corri pra escola. Como era de se esperar cheguei atrasada e ganhei sermão da coordenadora. Eu não estava com saco pra isso, ontem fui dormir à 1 h da madrugado porque estava lendo e pra piorar não tinha acordado de bom-humor. Resmunguei qualquer coisa e me mandei pra minha sala que ficava no 4º andar.
Entrando na sala, bem previsíveis, meus colegas todos se viraram pra mim com cara de desprezo e de zoação. E o professor nem me viu. Fui logo me sentar na minha carteira que fica na terceira de cinco fileiras ao lado da janela. Ao meu lado se senta uma garota tímida e fofa que nem ao menos me dá oi. Eu particularmente gosto de me sentar ali porque posso ficar vendo os alunos lá embaixo caminhando e fazendo os seus deveres.
Aquela aula estava chata, eu não queria saber qual é o clima predominante na Austrália, afinal eu nunca vou pra lá mesmo. Então fiquei tentando descobrir como seria a vida dos meus colegas fora da escola. Acabei chegando a conclusão de que o nerd que senta na frente da carteira do professor, em casa, era o filho mais reclamão que alguém pode ter, a garota loira que senta no fundão e se faz de bad girl é uma dona de casa reprimida pela mãe e estudiosa e o playboy era na verdade um garoto pobre que passava a tarde trabalhando em um emprego de meio-período para poder comprar suas roupas de marcas e pertences caros. Contudo, todos eram falsos consigo mesmos na escola. Nunca entendi o porquê disso. Eu não sou rica nem nada, demonstro meus sentimentos no rosto e no meu visual e se alguém me perguntar como é minha vida não vou ter nenhuma vergonha de dizer.

Passaram os dois períodos que eu tinha de geografia, o de história (<3) e finalmente estávamos sendo liberados para o recreio. Desci todos àqueles intermináveis degraus e encontrei com o Luc que estava me esperando na saída do prédio para o pátio. Ele estava usando o moletom canguru cinza que eu tanto amava e já tinha pegado emprestado dele muitas vezes nos dias que a temperatura mudava de repente. Ele era muito simpático e social. Não sei por que gastava o tempo precioso do recreio sozinho comigo. Fomos comprar croaçã de chocolate na cantina da escola enquanto ele me contava como havia sido seu final de semana. Ele sabia tudo sobre mim, até coisas de mulher. Como eu sabia tudo dele, pelo ou menos é o que eu sempre pensei.
- Eu fui naquele show da banda da minha prima que eu tinha te falado. O estilo pop-punk que elas aderiram as músicas é bem foda.

- Queria ter ido, pena que tinha aquela janta em família que meu pai me obrigou à ir.

- Você ia gostar. Ah, ô ísi - esqueci de comentar que o único que me chamava por apelido era o Lucas - vem comigo pro shopping depois da aula?

-Vish, hoje eu não posso almoçar no centro. O Eósforos vai fazer o almoço hoje e quer que todo mundo esteja em casa

Entramos na fila do bar que estava vazia já que era segunda-feria.

-Osh, então eu podia ir contigo até em casa e almoçar lá. O Eós vai cozinhar e eu não posso perder essa. Depois vamos pro shopping que eu preciso comprar meu tênis e uma bolsa.

- Só tenho que ligar pra ele e avisar pra ele fazer o dobro de comida já que vai almoçar um faminto lá. - Fiz o pedido e recebi os dois croaçãs.

Logo que terminamos nosso lanche bateu o sinal para o quarto período. No caminho da minha sala liguei para o meu irmão e comuniquei que o luquinhas ia pra casa. Agora eu ia ter Artes e depois Educação Física. Sempre odiei Educação Física. Aqueles foram períodos bem longos e quando terminaram só faltava eu gritar aleluia!.

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